
Myrthus Communis em bonsai.
A myrthus communis é um bonsai de exterior de folha perene, não muito exigente, de crescimento lento e que gosta de sol, muito resistente e pouco sensível a doenças, mas no inverno nas regiões mais frias temos que o proteger das geadas. Também suporta muito bem as podas sucessivas.
A myrthus communis é da família das Myrtaceaes e é originária da Europa e África e à volta da região mediterrânea, o nome myrthus provém do grego mythos, bem como a romãzeira, são ambas espécies antigas cultivadas e mencionadas na bíblia.
A myrthus communis é chamada de murta em Portugal.
É uma árvore hermafrodita.
O que chamamos de hermafroditas são os organismos capazes de produzir tanto gametas masculinos como femininos, assumindo portanto, o papel de macho e fêmea.
Essa estratégia ocorre em plantas e algumas espécies animais como as lesmas e os caracóis por exemplo.
- A myrthus Luma é um arbusto originário do Chile e da Argentina, que prefere climas oceânicos frescos e suaves a condições mediterrânicas secas. Este arbusto de folha perene tem uma casca magnífica, que vai da cor canela ao laranja, que se descasca com o tempo para revelar uma madeira brilhante. A sua folhagem escura e perfumada é rodeada do verão ao outono, por pequenas flores branco-creme com estamos salientes.
- A murta Tarentina é uma árvore perene originária da bacia mediterrânica, que se distingue pela sua folhagem perene perfumada. Famosa pelas suas propriedades aromâticas e medicinais. Este cultivar é particularmente apreciado pela sua forma compacta e pelo seu crescimento harmonioso, o que o torna uma escolha ideal para pequenos jardins ou terraços. As suas folhas pequenas, lanceoladas, de um verde escuro brilhante, dão um toque de elegância durante todo o ano. Quando em flor, a murta Tarentina produz delicada flores brancas com pétalas delicadas que exalam um perfume encantador, atraindo polinizadores como as abelhas e as borboletas.
Por informação:
- Um cultivar é o resultado de uma hibridação, de uma seleção ou de uma mutação. Ao contrário de uma variedade, um cultivar não pode transmitir as suas características por semente. Um cultivar deve ser reproduzido vegetativamente por estaca. Por norma a variedade ou o cultivar deve ser escrito entre aspas e com letra maiúscula.
- A myrthus communis Flore Pleno é uma planta perene, endémica das regiões mediterrânicas, igualmente da família das mirtáceas. Trata-se de uma planta de folhagem muito aromático, muito utilizada pelas suas saborosas bagas, colhidas no final da estação. Quem visita a Córsega já bebeu, pelo menos uma vez, vinho de murta como aperitivo. A myrthus communis ou murta comum é também uma planta de grande interesse ornamental. Pode ser utilizada numa variedade de sebes, mas também como planta isolada. Tal como a Luma apiculata, a myrthus communis pode ser podada em pequenas árvores ou como trepadeira sem grande dificuldade.
Com exceção da Myrthus Chequen, não recomendamos estas plantas em situações muito expostas à maresia. Este cultivar tem flores duplas.
A myrthus communis é muito apreciado em bonsai.
Sobretudo quando temos oportunidade de contemplar um exemplar muito antigo cujo tronco e principlamente o nebari atraem de imediato o nosso olhar. Muitos exemplares que vemos no comercio, infelizmente são provenientes de yamadori, ou seja, da própria natureza.
Chama-se nebari a base do tronco juntamente com as raízes superficiais do bonsai.
A essência da cultura do bonsai fundamenta-se no alcance da perfeição do nebari, ou seja, o sistema radicular apurado que vai permitir proporcionar um melhor desenvolvimento da estrutura aérea. Só com o tempo e dedicação se consegue um nebari com raízes superficiais espetaculares.
Ler mais sobre o nebari do bonsai.
A natureza tem a vantagem de esculpir formas incríveis que são perfeitamente impossíveis de reproduzir pelo homem. Por esta razão, em alguns lugares estranhos e fora das condições normais, podemos encontrar sujeitos suscetíveis de ter um forte potencial para se tornarem bonsai. A melhor altura para se retirar árvore é no final do inverno e no início da primavera, pouco antes da formação dos botões. Quanto mais velha for a árvore, mais difícil será obter um bom exemplar, pois a raiz axial também será muito grande com o tempo, tornando-se quase impossível a sua remoção.
Ler artigo original sobre o yamadori e o bonsai.
O género myrthus compreende cerca de cem espécies, originárias de África, da Europa, da América, das Antilhas e da Nova Zélandia.
Relembramos que o género é o primeiro termo ou palavra da nomenclatura. Agrupa todas as espécies de uma planta. A espécie é a segunda palavra da nomenclatura e é escrita em minúsculas e em latim. Ela distingue os indivíduos de um mesmo grupo. As plantas do mesmo grupo podem reproduzir-se umas com as outras, mas geralmente não podem reproduzir-se com membros de outra espécie. As características genéticas únicas desta espécie são reproduzidas de geração em geração através das suas sementes.
Ler artigo original sobre a botânica e o bonsai.
A myrthus communis é uma destas espécies, originária da região mediterrânica e na natureza pode atingir cinco metros de altura.
Com uma folhagem compacta, perene, verde-escuro e brilhante, as suas folhas são opostas, ovais lanceoladas, com quatro ou cinco centímetros de comprimento, densamente dispostas e muito aromáticas quando manuseadas.
Nas axilas das folhas encontram-se pequenas flores solitárias, em forma de estrela, com um cálice tubular de cinco sépalas fundidas, uma corola em forma de taça de cinco pétalas e numerosos estames em torno de um estilo.
A myrthus communis tem uma flor perfumada e melífera. Os seus frutos comestíveis são bagas pequenas ovoides, preto-azulado quando maduras, cobertas por uma flor de cera e muito procuradas pelas aves.
Floresce de junho a outubro, produz numerosos botões cor-de-rosa seguidos de flores branco-creme com dois centímetros de diâmetro com estames proeminentes. Na natureza é uma pequena árvore de quatro a cinco metros de altura e possui folhas perenes. Estes arbustos podem viver até aos cem anos. Hoje em dia é cultivado de forma intensiva para a produção de óleo de myrthe cujas propriedades são amplas e variadas como por exemplo: expetorante e mucolítico, descongestionante respiratório, venoso, linfático e da próstata, anti-infecioso e antisséptico, estimulante do figado etc...
NOTA:
- Tornou-se o símbolo da beleza, da juventude e da castidade. Os floristas costumavam incluí-la nos ramos de noiva e nas decorações de casamento. Na antiguidade, a folhagem era utilizada para fazer coroas honoríficas, cuja reprodução em ouro pode ser vista no Museu Británico da Antiguidade Grega.
- Os romanos associavam-na ao amor e à virgindade. Por esta razão, as suas delicadas flores de murta branca eram utilizadas para fazer ramos de noiva e coroas de flores.
- A madeira e as folhas da myrthus communis são igualmente utilizadas na cozinha para dar mais sabor às carnes principalmente na brasa.
- As flores do bonsai myrthus communis, que desabrocham no fim da primavera início do verão são brancas, ligeiramente e agradavelmente perfumadas, com alguma semelhança a eugenia uniflora ou comumente chamada de pitangueira no Brasil, bonsai que reproduzimos nos nossos viveiros.
Ver as nossas eugenia uniflora e eugenia myrtifolia.
- A sua madeira flexível, sólida, dura e de grão muito fino, conhecida como madeira de Nerte, era utilizada para fabricar bengalas, objetos torneados e cestos. Na marchetaria, era apreciada pela sua cor cinzenta, ligeiramente arroxeada ou mesmo avermelhada. Esta arte é uma técnica artesanal de incrustação e embutimento de peças ou folhas de madeira, assim como de outros materiais, como marfim e pedras. É um trabalho maioritariamente manual que implica paciência, cuidado e delicadeza.
A seguir à flor nasce uma baga azul escuro quase preta, do tamanho de uma ervilha e que pode conter até trinta sementes. O fruto da myrthus communis é comestível, o sabor é parecido com o zimbro ou juniperus e pode ser utilizado para fazer licores.
A folha, a flor e as bagas são utilizados na cozinha, perfumaria e cosmética.
As folhas são pequenas com mais ou menos quatro a cinco centímetros de comprimento deixando fluir um odor subtil ao toque.
Multiplicação por sementeira. Um grama contém cerca de cem sementes e a taxa de germinação é de cinquenta por cento com condições favoráveis.
Semear diretamente numa mistura de areia fina, terra e turfa, com temperatura média de vinte a vinte e cinco graus.
Ou semear no outono. Semear as sementes de myrthus communis num tabuleiro em composto especial para sementeira. Regar regularmente, assegurando uma boa drenagem do solo.
As sementes de myrthus communis demoram quatro a oito semanas a emergir. Transplantar os rebentos quando tiverem cinco folhas para vasos individuais e mantenha-as no viveiro durante seis meses.
Ler mais sobre:
- A sementeira do bonsai
- O transplante de mudas de bonsai.
Multiplicação por estaca semilenhosa igualmente possível no fim do verão e início do outono.
Ou por alporquia aérea no início da primavera.
Fazer um corte de cinco centímetros num ramo com um centímetros de diâmetro, deixando um centímetro na extremidade. Separar a fenda com um ramo de bambu e polvilhe com hormona de enraizamento. Envolver o corte numa manga de musgo e turfa, tudo embrulhado em película plástica. Humedecer regularmente a manga e envasar após quatro meses. Conservar as plantas de murta no viveiro durante um ano.
Ler mais sobre a alporquia do bonsai.
O bonsai myrthus communis é de fácil cultivo, mas reservado às zonas com temperaturas mais amenas, ou seja, com temperatura negativa até máximo de cinco graus centígrado.
Gosta de calor e precisa de verões longos e quantes para produzir uma floração abundante e espetacular.
O tronco por norma cresce muito lentamente e tem uma casca cor de canela, ligeiramente fissurado com o tempo.
Pode apanhar sol no verão, mas como todos os outros bonsais aconselhamos a proteção com uma rede de sombra para evitar as queimaduras solares pelo menos entre as onze e as dezasseis horas.
Temos igualmente de proteger o bonsai myrthus communis do frio intenso e duradouro abaixo dos cinco graus negativos. Podemos utilizar um pano de inverno que é um tecido branco feito de polipropileno não tecido, permitindo ao bonsai ganhar alguns graus que serão muito importantes à sua sobrevivência. Este tecido protege eficazmente os bonsais, permitindo a filtragem da água e do ar, deixando assim a troca de gases vitais para o bonsai.
Nas zonas mais frias é preferível resguardá-lo num local fora de gelo e com muita luz natural, mas sobretudo sem aquecimento.
Importante:
- Relembramos que um bonsai de exterior, nunca poderá ficar num local onde haja aquecimento, sobretudo depois do torrão ter ficado congelado, o adequado é dar tempo ao bonsai recuperar num ambiente ameno e com muita luz solar natural.
- Manter o torrão com uma certa taxa de humidade no inverno, mas sem nunca o encharcar.
Continuar a ler o nosso artigo original sobre o bonsai e o frio.
A poda do bonsai myrthus communis:
O bonsai é uma planta natural e mesmo que esteja limitado num pequeno vaso irá sempre crescer e desenvolver-se, é um fenómeno natural. A mesma planta cultivada na terra irá crescer em altura e poderá atingir um porte excecional.
No espírito do bonsai, temos que manter a planta numa escala reduzida para imitar um exemplar na natureza, mas em miniatura.
DICAS:
- O bonsai myrthus communis ramifica muito bem. A seguir à poda e por segurança devemos utilizar uma pasta de cicatrização nas feridas grandes.
Ler artigo sobre a cicatrização do bonsai e a pasta cicatrizante.
- É preferível aramar os rebentos quando ainda jovens e os ramos pequenos, pois os ramos mais velhos são rígidos e quebradiços.
Saiba como aramar o bonsai.
A poda faz parte do processo de miniaturização da árvore em conjunto com o reduzido espaço deixado no vaso.
Como nos bonsais de interior, a poda de formação do bonsai myrthus efetua-se em dezembro ou janeiro, utilizando sempre ferramenta adequada.
A poda de estruturação do bonsai permite manter a árvore compacta e definida.
O objetivo principal da poda de estruturação é a estética do bonsai, provocando uma nova rebentação mais compacta e sobretudo mais perto dos ramos primários de forma a equilibrar a entrada da luz e dar mais vitalidade aos ramos de segundo nível e mais baixos.
Cortamos os ramos pequenos e pequenas ramificações com uma tesoura fina ou grossa. Para podar os ramos maiores, utilizamos uma podadora côncava a fim de obter uma cicatrização o mais discreta possível.
O alicate ou a podadora de ponta esférica proporciona um corte côncavo e limpo que acelera o processo de cicatrização do bonsai.
NOTA:
- Seja na poda de formação ou de manutenção, devemos sempre cortar o ramo acima de um broto que vai crescer para o lado exterior da árvore e não para o lado interior, ou seja, em direção ao tronco principal, para evitar o cruzamento dos ramos entre eles e que prejudicaria a estética do nosso bonsai.
O transplante do bonsai myrthus communis:
O transplante do bonsai é uma fase necessária e indispensável na vida do bonsai que deverá efetuar-se no inverno, de dezembro até meados de fevereiro.
Esta operação deverá ser feita a cada três a quatro anos, o torrão deve ter uma camada de raízes à sua volta, se não tiver pode não ser o momento certo para o transplante e terá que esperar mais um ano.
Cuidado com o substrato. A escolha acertada do substrato será a garantia para uma ótima saúde do bonsai. Um bom substrato deve reter a humidade necessária e deve garantir a circulação do ar.
NOTA:
- O bonsai myrthus communis não gosta de solo calcário, por isso é fortemente recomendado utilizar akadama hard quality misturado com kanuma.
Ver o segredo do transplante do bonsai.
Para conseguir e ter sucesso no transplante do bonsai, basta por isso respeitar as regras básicas:
- Quando as árvores perderem totalmente as suas folhas o que ocorre em Portugal a partir de dezembro até meados de fevereiro, ou seja, com seiva descendente ou parada, será a altura certa para fazer o transplante de bonsais de folha caduca. Nas coníferas o melhor momento para o transplante é fim do inverno início da primavera, mas cuidado, não se pode envasar uma conífera se já tiver começar a brotar, neste caso esperamos mais um ano.
O simples facto de ver alguma rebentação indica-nos que não podemos tocar nas raízes para não termos um retorno desfavorável.
Nas plantas ditas tropicais por vivem no interior, o transplante é mais aconselhével no início da primavera, pois este tipo de plantas não sentem as diferenças climáticas, nem as estações do ano.
- Utilizar semnpre um substrato de qualidade com elevado grau de retenção de água e nutrientes e que deixe circular o ar com facilidade. Akadama hard quality, sakadama, kiryuzuna, kanuma, keto, pomice são os substratos em que mais podemos confiar a longo prazo.
- Nunca deixar bolsas de ar no torrão, causa principal de morte do bonsai após o transplante. Temos que ter paciência e passar o tempo necessário para preencher bem os espaços com o substrato dentro das raízes, só assim se consegue um transplante de qualidade. Na iberbonsai, muitas vezes passamos quase meia-hora só para executar esta tarefa no transplante de um bonsai num vaso de trinta centímetros.
- Prender o bonsai ao vaso com arame de alumínio anodizado, para não corrermos o risco de quebrar as raízes no manuseamento da árvore e ter o cuidado de escolher um arame não muito fino para não cortar as raízes, com diâmetro acima dos dois milímetros.
O bonsai myrthus numa coleção.
É um bonsai espetacular numa coleção, sobretudo se conseguirmos um exemplar já com alguma idade, não é necessariamente um bonsai de grande porte, também é muito bonito num vaso pequeno graças ao seu nebari encantador.