Chaenomeles Japónica e Chaenomeles Speciosa.  

 

Originário da Ásia Oriental é também conhecido por marmeleiro japonês ou macieira do Japão.

 

Termo que combina duas palavras gregas: chaïen que significa dividir, abrir, rachar e mêlea que significa macieira porque pensava-se na altura que os frutos se abriam à maturidade.

 

Daí o seu outro nome, macieira japonesa.

 

 

O bonsai chaenomeles japónica é muito resistente e com poucas exigências.

 

O género Chaenomeles compreende três espécies de arbustos nativos das zonas arborizadas e montanhosas da China, do Japão e da Coreia.

 

É da família das rosáceas e existem centenas de variedades todas diferentes tanto pela forma, tamanho, cor e produção de frutos.

 

É um arbusto espinhoso que tem a particularidade de se propagar produzindo rebentos a partir do seu tronco. Tipo uma mistura de alporquia em cepo e de alporquia enterrada ou mergulhia Sashiki em japonês.

 

As folhas podem ser miniaturizadas, mas não as flores, que permanecem bastante grandes, dando um efeito soberbo quando em plena floração.

 

A folhagem do chaenomeles é caducifolia, bastante estreita e pouco densa e os seus ramos são espinhosos.

 

No final do verão aparecem os marmelos, de forma mais ou menos cilíndrica e com cinco a sete centímetros de diâmetro, que se assemelham a pequenas maçãs duras. Inicialmente verdes, tornam-se amarelos quando maduros, mas não são comestíveis crus.

 

Geralmente este pequeno arbusto atinge entre um a três metros de altura e largura na natureza. As suas folhas são caducas, verde-escuro e as suas flores aparecem no fim do inverno início da primavera, antes das folhas. As flores, frequentemente vermelhas, mas também cor-de-rosa, brancas ou cor de laranja, medem cerca de quatro centímetros de diâmetro e estão praticamente coladas ao tronco, um pouco como o prunus. Formam grupos de duas a cinco flores em pequenos cachos, que emergem diretamente da madeira, nos nós, sempre nos ramos do ano anterior.

 

O fruto é amarelo-esverdeado, duro e adstringente, ou seja, que contrai, é utilizado na culinária depois de cozido. Estes frutos aromáticos são utilizados na produção de medicamentos no Japão, mas não são comestíveis crus. São conhecidos pelas suas propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas, analgésicas e hepáticas.

 

É um bonsai de fácil cultivo que produzimos e criamos nos nossos viveiros em Maceda a partir de estaquia ou sementeira.

Consegue-se um bonsai com algumas características específicas nos cinco a seis primeiros anos.

 

Espetacular bonsai de exterior de folhas caducas, com três a cinco centímetros de comprimento, alongadas e ovaladas, de cor verde escuro e brilhante que aparecem a seguir a floração. De pequeno porte, espinhoso e muito ramificado, com floração em janeiro fevereiro com cores indo do branco ao vermelho, passando pelo laranja, rosa, salmão. Pode acontecer começar a florescer mais cedo se o tempo estiver mais quente e por vezes pode reflorescer durante o verão como já aconteceu na iberbonsai.

 

As flores medem cerca de quatro centímetros de diâmetro e são agrupadas por duas ou cinco sobre os ramos que darão mais tarde lugar a um fruto muito perfumado, duro, amargo, verde e amarelo, comestível quando cozido e muito rico em vitamina C.

 

DICA:

 

- É preferível retirar os frutos para ajudar o bonsai a manter a sua energia.

 

 

O bonsai chaenomeles japónica gosta de uma exposição com muito sol, embora durante o verão seja aconselhável uma exposição a meia-sombra.

 

Regar com regularidade e em abundância, mas deixando sempre secar a parte superior do torrão entre duas regas para evitar o excesso de água. No verão quando está muito calor regar todos os dias, em contrapartida no inverno regar conforme a taxa de humidade do torrão, graças ao frio e à chuva não será necessário regar com muita frequência já que o substrato manter-se-á húmido.

 

Regar abundantemente o torrão até às raízes, a água em excesso sairá pelos furos do vaso do bonsai ou melhor ainda, proceder à rega por imersão durante alguns minutos para garantir que o torrão fica molhado uniformemente.

 

É desaconselhado deixar um prato por baixo do vaso, a água pode estagnar e consequentemente provocar o apodrecimento das raízes.

 

Regar de preferência de manhã para evitar doenças, regar sempre com um regador de ralo fino ou com um chuveiro de jardim igualmente de ralo fino.

 

Ler mais sobre como regar o bonsai.

 

A floração aparece antes das folhas e é por isso muito apreciado, pode florescer uma segunda vez no verão.

 

A poda do bonsai chaenomeles japónica:

 

- Poda-se a seguir a um broto de folha já no início da floração e convém reduzir a quantidade de botões de flores para não cansar o bonsai, o que poderia provocar a morte de alguns ramos.

 

- As flores aparecem nos ramos mais velhos, com um ou dois anos, assim não é apropriado cortar os novos rebentos do ano precedente.

 

- De cultivo muito simples, mas com desenvolvimento vigoroso e sobretudo irregular que obriga a vigiar a poda para obtermos uma forma mais ou menos regular e definida.

 

- Deve-se proceder a uma poda drástica logo a seguir à floração para conseguirmos manter a silhueta desejada.

 

DICA:

 

- Nunca podar o bonsai chaenomeles japónica durante a floração.

 

 

Quase todos os chaenomeles têm tendência a produzir muita ramificação, o que dispersa a sua energia em muitos caules pequenos, dificultando a obtenção de um tronco forte.

 

É necessário eliminar todos os rebentos assim que aparecem.

 

Demora algum tempo até se conseguir um tronco com um mínimo de grossura, vários anos são necessários.

 

NOTA:

 

 

 

 

 

Muito apreciado, mas sobretudo muito difícil de conseguir é o Chojubai:

 

- Temos que abrir uma exceção para o chaenomeles japónica chojubai com as suas qualidades contrastantes devido à sua ramificação e galhos escarpados, com casca áspera mais velha e embelezada com flores rubi brilhantes.

De facto, não convém podar o chojubai com frequência e contrariamente ao bonsai dito normal, não se pode retirar os caules pequenos, quanto mais podarmos mais possibilidades teremos de os ramos secarem.

 

- Cortar sempre acima de um botão.

 

- Para manter as partes mais velhas da árvore com vigor, temos que deixar as pontas dos ramos até ao outono, caso contrário as partes mais velhas começarão a secar.

 

- Para criar uma boa estrutura, na primavera devemos podar mais abaixo para criar movimento no tronco com os ângulos dos novos rebentos.

 

- São necessários muitos anos para criar estrutura num chojubai.

 

- O chaenomeles nunca produzirá um rebento dentro do entrenó porque não há zonas adormecidas que possam produzir um, mas os entrenós são muito curtos, por vezes inferiores a um centímetro, por isso podemos cortar quase em qualquer lugar sem risco.

 

- O chaenomeles chojubai em japonês é um cultivar conhecido pelo seu tamanho em miniatura, a sua floração abundante e muito intrincada estrutura de ramificação. O chojubai é um dos preferidos entre os amantes do bonsai para criar paisagens em pequena escala e plantas de realce.

 

O boke é o chaenomeles speciosa e todas as suas variedades. Os chaenomeles japónica são conhecidos como kusaboke. Na botânica tradicional japonesa, a speciosa que foi introduzida da China era vista como uma árvore e a japónica como uma planta herbácea de montanha.

 

O bonsai chaenomeles japónica precisa de muito sol para propiciar uma abundante floração, mas no verão e como todos os outros bonsais de exterior, necessita de uma certa proteção com algum sombreamento, pelo menos durante as horas mais quentes do dia.

 

Ler artigo sobre o sombreamento do bonsai.

 

O chojubai é de facto, uma variedade anã de kusaboke, ou seja, chaenomeles japónica chojubai com flores vermelhas, que forma uma casca rugosa após cerca de vinte anos.

 

Um pouco como a pyracantha, se podarmos os rebentos curtos demais a dois ou três gomos, não terá espinhos, por isso não é muito comum numa árvore já finalizada, mas poderá ver alguns numa árvore ainda em constução.

 

 

AVISO:

 

- O bonsai chaenomeles pode ser afetado pelo fogo bacteriano, que raramente é recuperável no bonsai porque é praticamente impossível cortar de vinte a trinta centímentros de ramo abaixo da parte afetada do bonsai para tentar recuperá-lo. Tratamento preventivo com calda bordelesa ou outro produto a base de cobre.

O fogo bacteriano é uma doença causada por um agente patogénico conhecido como bactéria Erwinia Amylovora, que é muito perigosa e contagiosa  e capaz de infetar mais de cento e quarenta espécies de plantas.

 

Ler artigo sobre o fogo bacteriano no bonsai.

 

O chaenomeles japónica aguenta bem o frio, na natureza suporta até vinte e cinco graus negativos, mas em bonsai a partir dos cinco graus negativos aconselha-se proteger o torrão e a base do tronco com turfa ou palha para proteger as raízes ou então resguardá-lo numa zona fora de gelo abaixo dessa temperatura.

 

Propagação por sementeira, estacas ou alporquia, sendo o método da sementeira o mais indicado para conseguir um nebari mais bonito.

 

Como já vimos no respetivo artigo, o nebari é fundamental na conceção do bonsai, mais que a parte aérea, porque é nele que focamos o nosso olhar na comparação com a natureza.

 

Para se conseguir a partir de sementeira o chaenomeles japónica, temos primeiro de proceder a estratificação a frio de três a cinco graus durante quatro a cinco meses e praticar a sementeira na primavera. Um grama contém cerca de dez sementes e a taxa de germinação média é de cinquenta por cento em boas condições, mas pode levar até dois meses para a emergência das sementes e claro sem nenhuma garantia de conservação das características vegetais.

 

De estaquia semilenhosa no fim do verão, encontramos muitas variedades, a partir de um ramo ou galho mais grosso, conseguimos um bonsai mais corpulento mais depressa. A nova planta conseguida terá o mesmo património genético, terá as mesmas características que a planta mãe.

 

O bonsai chaenomeles sargentii floresce na primavera em tons de vermelho alaranjado na madeira nua e produz belos frutos comestíveis amarelos no outono, ideal para compota.

Desenvolve-se em todos os tipos de solo, desde que seja suficientemente bem drenado e prefere solos ligeiramente ácidos. Em bonsai utilizamos a akadama hard quality misturado com kanuma nos respetivos transplantes.

 

  

 

Chaenomeles speciosa nivalis com flores de cor branco puro. Muito vigoroso, espinhoso, com folhas ovais. No início da primavera, produz cachos de flores brancas, de cinco pétalas, seguidas de frutos globulares amarelo-esverdeados.

 

Arbusto não perfumado, com altura na natureza de cerca de dois metros e meio, largura na maturidade de cinco metros, com flores de um branco puro que aparecem em fevereiro a março dependendo das condições climatéricas do ano, a cor da folhagem que é caduca é verde médio, crescimento denso e ereto.

 

Com cerca de cento e trinta anos, o cultivar Nivalis é um produto do famoso Viveiro Lemoine de Nancy em França.

Relembramos que a variedade é uma população artificial, reprodutível, homogênea e estável em suas características genéticas e distintas de outras variedades. Um cultivar é uma variedade de espécies vegetais que não existem no seu estado natural, resultante da manipulação genética.

 

Transplante a cada dois ou três anos no fim do outono ou no inverno com akadama hard quality e kanuma. Relembramos que as principais qualidades da akadama encontram-se na drenagem e no arejamento, fatores primordiais para a criação de raízes finas, na capacidade de retenção da água e dos nutrientes.

 

Ler artigo original sobre akadama para bonsai.

 

É possível acrescentar Pomice ou Sakadama com akadama hard quality para ajudar o substrato a não compactar e facilitar a drenagem.

 

O chaenomeles não gosta de solo calcário, as folhas ficam amarelas devido à clorose, mas utilizando um substrato de boa qualidade como vimos, não acontece este tipo de situação.

 

Muito cuidado para não danificar o bloco de raízes, cortar somente até vinte por cento das raízes.

 

Ao podar, é muito importante respeitar a mesma percentagem de corte das raízes e dos ramos superiores, tem que haver um equilíbrio entre as duas partes.

 

O bonsai chaenomeles japónica não gosta de excesso de humidade que pode provocar o apodrecimento da raiz.

 

Pode-se aramar durante todo o ano, mas é preferível fazê-lo no fim do inverno início da primavera e antes da floração, ficando vigilante para que o arame não danifique a casca do bonsai.

 

Fertilização:

 

Com adubo líquido especial bonsai uma vez por semana de fevereiro até fim de junho e de quinze em quinze dias de julho até fim de setembro.

Aplicar um adubo orgânico sólido como o biogold uma vez só em novembro à razão de uma pedra para cada cinco centímetros de vaso.

 

Durante a época de crecsimento podemos igualmente aplicar o biogold líquido uma vez por mês.

 

No que diz respeito ao adubo biogold líquido, quanto mais tempo ficar a dissolver na água, melhores serão os resultados.

 

 

DICA:

 

- Na primavera convém reduzir a percentagem de azoto para garantir ao máximo a floração, com muito azoto são os ramos que vão crescer em detrimento das flores.

 

Ler artigo original sobre o biogold para bonsai.

 

 

CURIOSIDADE:

 

- O chaenomeles japónica é utilizado pelos chineses há milhares de anos para celebrar o ano novo.

 

O bonsai chaenomeles japónica é muito estimado numa coleção visto que a sua floração tem início no inverno antes do aparecimento das flohas.

 

A SABER:

 

- Com o fruto do chaenomeles japónica costumava-se fazer uma essência perfumada Cananga Essence, porque se assemelhava à fragrância do ylang-ylang que leva o nome latino de Canaga Odorata.

 

 

A seguir descriminamos alguns chaenomeles que podemos encontrar nos jardins europeus, sendo que os mais utilizados em bonsai são o chaenomeles speciosa Nivalis e o chaenomeles japónica Sargentii, o que não quer dizer que outras variedades não possam dar excelentes resultados em bonsai.

 

- Chaenomeles cathayensis: antes do aparecimento das folhas, o arbusto cobre-se de flores cor-de-rosa claro.

 

- Chaenomeles speciosa eximia: flores cor-de-rosa no final do inverno. Frutos amarelos decorativos.

 

- Chaenomeles speciosa falconnet charlet: flores duplas de cor rosa-salmão brilhante que aparecem desde o início da primavera nos seus ramos nus.

 

- Chaenomeles speciosa Flocon rose: flores rosa claro a branco rosado de fevereiro a abril. Planta de crescimento médio, compacta, semilenhosa na maturidade. Arbusto melífero e pouco espinhosa.

 

- Chaenomeles speciosa Friesdorfer: variedade vigorosa e muito florida. Planta melífera. Uma boa variedade com a curiosidade de ser originalmente criada para a produção de flores de corte-

 

- Chaenomeles speciosa Hot Fire Minvesu: arbusto de folha caduca. Flores vermelho-sangue desde o inverno até ao início da primavera, muito florífera. Frutos amarelos perfumados e ácidos no verão, que podem ser consumidos como geleia por exemplo. Crescimento vigoroso.

 

- Chaenomeles speciosa Kinshiden: arbusto de folha caduca verde-claro. Flores duplas branco-esverdeado. Frutos decorativos amarelos ou verdes.

 

- Chaenomeles speciosa Nicoline: flores vermelhas brilhantes, antes do aparecimento das folhas. Compacta e resistente.

 

- Chaenomeles specios Nivalis: flores brancas como a neve desabrocham no início da primavera nos ramos nus.

 

- Chaenomeles speciosa Rubra: folhagem caduca verde. Flores vermelho sangue, fruto decorativo amarelo.

 

- Chaenomeles speciosa PW Orange Storm cov: muito vigoroso e florífero e sem espinhos. As suas flores grandes, duplas, cores de laranja, atingem de quatro a seis centímetros de diâmetro. Os seus centros são realçados por um belo bouquet de estames amarelos. Não produz frutos, logo produz mais flores e conserva o seu vigor. Floresce bastante tarde e abundantemente entre o fim de fevereiro e o início de março.

 

- Chaenomeles speciosa PW Pink Storm cov: vigoroso e florífero, não espinhoso. As suas flores grandes, duplas cor-de-rosa atingem cinco a seis centímetros de diâmetro. Centro realçado por um belo conjunto de estames amarelos.

 

- Chaenomeles speciosa umbilicata: lindas flores cor-de-rosa brilhantes em abril maio, antes de as folhas desabrocharem.

 

- Chaenomeles PW Mango Storm Mincha cov: chaenomeles sem espinhos com flores cor de laranja muito grandes. Frutos deformados, estranhos e decorativos.

 

- Chaenomeles superba Cameo: tolerante a condições difíceis, melífera. Flores grandes duplas, em forma de taça, de cor salmão claro. A floração é abundante a partir de fevereiro até abril, podendo cobrir ramos inteiros no seu auge. Forma um arbusto pequeno, baixo e espalhado.

 

- Chaenomeles superba Crimson and Gold: pequeno e vigoroso, muito interessante pala sua floração vermelho intenso precoce e pela sua robustez.

 

- Chaenomeles superba Ernst Finken: flor laranja-avermelhado. Arbusto bastante robusto, com porte denso tanto de ramos como de folhagem.

 

- Chaenomeles superba Etna: flores vermelho-escarlate. Crescimento com tendência a espalhar-se.

 

- Chaenomeles superba Red Joy: pequena e elegante com um padrão de floração original de pequenos pompons duplos precoces, florescendo durante muito tempo com intervalos. Os seus rebentos delgados e alongados são tingindos de vermelho. Pode produzir frutos amarelos no outono. Mutação da chaenomeles japónica sargentii.

 

- Chaenomeles superba Orange Star: flores simples de cor laranja. Fruto verde em forma de pera, em outubro, consumido como geleia. Melífera.

 

- Chaenomeles japónica Toyo Nishike: floresce em tons de rosa escuro e rosa pálido com a particularidade de formar cachos de flores de cores diferentes nas árvores mais velhas.

 

- Chaenomeles japónica Cido: flor vermelha alaranjada, abundante no final do inverno início da primavera.

 

- Chaenomeles japónica Dwarf Poppy: é uma seleção antiga da subespécie alpina do marmelo japonês, com cinquenta centímetros de altura.

 

 

Sobre o bonsai chaenomeles japonica.

 

 

O chaenomeles é altamente resistente à poluição atmosférica, é por consequente um bonsai ideal para os jardins e varandas da cidade.