
Como cuidar do bonsai de exterior.
Vimos em artigos anteriores que existem bonsais de interior ou bonsai tropical, bonsai de dupla localização e também existem bonsais de exterior, que são a maioria dos bonsais e os mais fáceis na sua manutenção diária por terem acesso à luz solar e assim garantir um dos pontos cruciais no sucesso desta pequena árvore.
Qual a localização do bonsai de exterior?
Na varanda, no terraço, no pátio ou no jardim, lugares onde será fácil a sua manutenção, o mais importante é conseguir um ambiente com o máximo de luz natural durante o dia. Podemos aproveitar árvores de grande porte do jardim para protegerem os nossos bonsais tanto do frio como do calor e do sol intenso no verão. O sistema de rega automático que temos para regar a relva e que está provavelmente programado para vinte a trinta minutos apenas e de forma intermitente, não será de longe suficiente para regar o bonsai, além do que não devemos regar o bonsai no fim do dia para evitarmos doenças ou fungos. O bonsai deve ter o seu lugar próprio no exterior, pelo qual teremos de nos preocuparmos com a sua rega diária e a proteção contra o sol desde o fim da manhã até ao fim da tarde.
O bonsai de exterior pode apanhar sol da manhã ou no final da tarde.
Não é aconselhável durante as horas de sol e de calor intenso no verão. Na natureza as árvores estão agarradas à terra e o volume de raízes é muito importante, o que não acontece com o bonsai porque vive num vaso com espaço muito reduzido, num subtrato diminuto e as raízes não podem procurar mais longe para procurar a água tão necessária em caso de calor extremo, pelo contrário as raízes ficam expostas ao calor junto às bordas do vaso, que se forem finas demais, poderão sobreaquecê-las e queimá-las. Daí o quão importante é o sombreamneto para proteger do calor e dos raios do sol, a partir das onze horas até ao fim da tarde, e também a qualidade do vaso com paredes grossas para reduzir o impacto do calor.
Ler artigo original sobre o sombreamento do bonsai.
Mas o que é um bonsai de exterior, qual a diferença e como saber se o meu bonsai é de exterior?
Em primeiro lugar convém esclarecer que não existem plantas ou bonsais de interior, mas sim plantas ou bonsais que não podem apanhar frio, é isso que principalmente diferencia a localização dos bonsais. Qualquer planta incluindo o bonsai necessita de muita luz para viver e isso não acontece sempre nas nossas casas, podemos até ter grandes portadas vidradas, mas se mantivermos as cortinas ou os estores fechados durante o dia, o que irá dificultar a entrada de luz para a sobrevivência do bonsai.
O bonsai que chamamos de interior é um bonsai que não pode estar sujeito ao frio, muito menos a temperaturas negativas, o que conduziria à morte certa. Pode, no entanto, ficar no exterior quando o tempo estiver mais ameno, a partir da primavera até ao fim do verão, mas tendo cuidado com as noites mais frescas e resguardá-lo se necessário.
Sem a luz necessária nunca poderemos conseguir manter um bonsai de perfeita saúde, mesmo administrando vitaminas ou adubos, sem a claridade suficiente não será possível manter um bonsai dentro de casa.
Ler artigo sobre como cuidar do bonsai de interior.
Existe outro tipo de bonsai que chamamos de dupla localização, isso quer dizer que pode adaptar-se tanto no interior da casa como no exterior.
A regra é que no interior terá que ter condições de claridade suficiente para viver e uma vez escolhida a localização, o bonsai não gosta de andar de um lado para outro. Teremos que optar por colocá-lo no interior ou no exterior.
Nesta categoria encontramos o ulmus parvifolia ou ulmeiro chinês, o ligustrum sinensis, a sageretia theezans, a serissa phoetida ou bonsai das mil estrelas e o zanthoxyllum piperitum ou operculicarya, que são bonsais que podem viver no interior se as condições de luminosidade forem respeitadas..
Ver os nossos bonsais de dupla localização.
O bonsai de exterior e as suas especificações:
É o bonsai de mais fácil manutenção porque tem a luz solar adequada ao seu crescimento, pode e sobretudo deve apanhar o frio no inverno, a chuva e o vento, horas de sol, mas com cuidado no verão e sempre fora das horas mais quentes, caso contrário temos que prever uma rede de sombra das onze horas até ao fim da tarde.
NOTA:
- Temos que abrir uma exceção para o pinus mugho mughus que pode sempre ficar ao sol, não é aconselhável deixá-lo à sombra para não provocar a secura das agulhas e dos respetivos ramos. É um pinheiro de montanha que gosta muito de sol e prefere um solo drenante, o substrato nunca poderá ficar encharcado para não favorecer o apodrecimento das raízes.
O pinus mugho mughus é uma árvore muito fácil de cuidar em bonsai graças ao seu crescimento natural lento e compacto, é um bonsai indicado para iniciantes.
Regra geral não efetuamos a poda do bonsai mugho mughus, nem cortamos as velas, Deixa-se crescer naturalmente tendo o cuidado de deixar o interior da árvore limpa para favorescer a entrada da luz solar e assim provocar uma nova rebentação.
Os novos brotos não podem ser trabalhados antes de quatro a cinco anos.
O bonsai mugho mughus não brota no ramo nu, pelo que é primordial deixar alguns botões prontos a desenvolverem-se.
O bonsai pinus mugho mughus é um pinus com uma única rebentação contrariamente ao pinus nigra ou thunbergii que é um pinus com duas rebentações.
Ler artigo original sobre a rebentação do pinus.
A rega do bonsai de exterior:
A rega do bonsai de exterior efetua-se da mesma forma que as outras plantas do jardim.
Aconselhamos regar sempre da parte da manhã para evitar o aparecimento de doenças, a rega no fim do dia só em casos excecionais porque a água sobre as folhas não terá tempo suficiente para evaporar.
Regar sempre com um regador de ralo fino virado para cima ou com um chuveiro de jardim igualmente de ralo fino.
Durante o verão poderá haver a necessidade de regar duas vezes ao dia, evitando regar muito perto da noite.
No inverno pode não chover durante vários dias e é recomendado vigiar a humidade da terra do bonsai de exterior e regar se necessário.
Observar atentamente igualmente os furos dos vasos de bonsais, que não podem ficar obstruídos pelas raízes, a água da chuva como da rega tem que sair do vaso com facilidade, caso contrário podemos ter problemas de encharcamento e o nosso bonsai acabará para morrer lentamente. Caso notarmos uma situação desta, temos que retirar o bonsai do seu vaso, cortar as raízes que estão a vedar os furos do vaso, limpar esses últimos deixando-os desimpedindos de qualquer impureza e voltar a colocar a nossa árvore no vaso. Esta atenção é válida em qualquer altura do ano, o vaso tem que deixar escoar o excedente de água continuamente.
Chamamos a atenção pelo facto que, no verão, não é porque as raízes saem do vaso que devemos pensar logo em realizar um transplante, seria catastrófico, o transplante só pode ser efetuado no inverno, quando as plantas estão em fase de hibernação por exemplo nos bonsais de folha caduca ou no início da primavera para as coníferas.
Ler o nosso artigo sobre o transplante do bonsai.
A fertilização do bonsai de exterior:
Aplicar um adubo líquido especial bonsai na água da rega, cinco milílitros por litro de água uma vez por semana a partir do momento em que as árvores começam a despertar, ou seja, o tempo a ficar ameno, que pode ser a partir de fevereiro até fim de junho, depois passamos a adubar de quinze em quinze dias de julho até fim de setembro.
Podemos também aplicar uma vez por mês o adubo biogold líquido, uma solução que preparamos com várias semanas de antecedência adicionando duas a três pedras de biogold num litro de água que deixamos dissolver pelo menos um mês, depois de pronto podemos aplicar a mistura diretamente sobre o torrão.
A partir do mês de novembro aplicamos o adubo orgânico sólido como o biogold por exemplo.
Ler artigo original sobre o adubo orgânico biogold para bonsai.
Este adubo vai decompor-se durante o inverno e só a partir de fevereiro voltamos a aplicar um adubo líquido.
Como os adubos orgânicos têm como efeito nutrir o solo, tornando-o mais fértil e vivo, são complementares aos adubos minerais. Um solo bem nutrido permite que os adubos sejam mais fáceis de serem assimilados pelos bonsais.
Contrariamente aos adubos minerais, os nutrientes fornecidos pelos adubos orgânicos não são eliminados tão rapidamente e permanecem mais tempo no substrao à disposição das plantas.
A fertilização orgânica vai criar um reservatório de alimento no solo. Graças a ela, o solo permanecerá mais rico e os adubos minerais serão mais facilmente assimilados pelo bonsai.
A poda do bonsai de exterior:
Durante o crescimento e como nos bonsais de interior, a poda de manutenção consiste em cortar os novos rebentos quando tiverem cinco a seis folhas novas, deixamos apenas as duas primeiras folhas novas.
Não se aplica ao pinus e juniperus.
A poda de formação do bonsai de exterior efetua-se em dezembro e janeiro, quando as árvores caducas já não têm folhas, quer isso dizer quando a seiva está parada.
Utilizar sempre ferramenta adequada e aplicar uma pasta de cicatrização para impedir infeções. Os ramos mais grossos quando cortados devem ser protegidos com pasta de cicatrização, para evitar danos irreversíveis no nosso bonsai.
Não aplicar uma pasta cicatrizante para pouparmos algum dinheiro não será a melhor solução, pois estaremos a correr riscos desnecessários.
Ler artigo sobra a cicatrização e a pasta cicatrizante para bonsai.
A poda é diferente nos pinheiros.
Nos pinus, quando as velas atingirem seis a oito centímetros de comprimento, deixamos apenas uma vela, sempre a melhor direcionada esteticamente, exceto nos pinus mugho mughus como já vimos.
A vela escolhida deverá ser cortada com os dedos pela metade.
A poda do bonsai pinus pentaphylla realiza-se no início da primavera, consite na pinçagem das velas antes de amadurecerem e ainda tenras, com os dedos e rodando entre o polegar e o indicador, retirar trinta a cinquenta por cento do comprimento conforme o vigor e até setenta por cento nas velas mais fortes.
Deixar as velas mais fracas e sobretudo não pinçar as velas de um pinus cujo objetivo é deixar engrossar o tronco e os galhos.
Por norma só efetuamos a pinçagem das velas nos bonsais pinus já formados, com alguma idade, para mantermos a forma e aumentar a densidade foliar, uma vez por ano.
Regra fundamental: nunca realizar intervenção como a poda das velas ou retirar agulhas de um bonsai pinus se a árvore não estiver em excelentes condições, sã e muito vigorosa, caso contrário corremos o risco de perder alguns galhos ou até mesmo o bonsai..
A poda das agulhas do bonsai pinus acontece principalmente no outono quando pretendemos corrigir a silhueta da árvore retirando o excesso de agulhas.
A poda das agulhas velhas favorece a brotação das novas com coloração mais viva, além disso as novas realizam a fotossíntese com mais eficiência.
Outro método que pode ser utilizado, mas só ocasionalmente porque enfraquece muito o bonsai pinus, é retirar uma grande parte das agulhas no final do verão, não é aconselhável antes porque o bonsai ainda não tem reservas suficientes nos ramos e em vez de criar novos brotos o ramo pode criar madeira e ficar lenhoso. Esta operação deve ser sempre realizada em bonsais muito fortes e de boa saúde. Fora deste período também não adianta nada porque o bonsai pinus não vai brotar de novo, só vai enfraquecer.
O transplante do bonsai de exterior:
Transplante de três em três ou de quatro em quatro anos para pinus e exemplares, somente quando o torrão estiver coberto de raízes.
De dezembro até fim de fevereiro para os bonsais de folha caduca, sempre antes do início da brotação. Fala-se muito na internet e nalguns sites que aconselham realizar o transplante quando começa a nova rebentação, mas não faz muito sentido, de facto se os novos rebentos começarem a aparecer é porque as novas raízes finas já estão ativas e por definição, quando fazemos um transplante cortamos até vinte ou vinte e cinco por cento das novas raízes, assim sendo, estariamos a infligir um stress enorme ao nosso bonsai.
Fazendo o transplante com a seiva parada, damos tempo à nossa árvore para produzir as suas novas raízes finas sobre as raízes cortadas, a seiva começará a fluir naturalmente nos ramos sem interrupção devido a um corte tardio, evitando assim um momento de stress desnecessário.
Fim de fevereiro início de março para as coníferas, mas semnpre antes da nova brotação, caso comecem os novos rebentos a aparecerem, será um indicador de que é tarde para o transplante e assim deveremos esperar mais um ano para não provocar a morte do bonsai.
Início de março também é a altura indicada para realizarmos o transpalnte do bonsai de interior ou tropical, pois esse bonsai não sofre as estações do ano por viver sempre dentro de casa.
Mudar o vaso para um ligeiramente maior, nunca tamanhos exagerados.
Cortar vinte a vinte e cinco por cento das raízes com uma tesoura especial, limpar as raízes com um ancinho ou desenrolador e substituir a terra antiga por um novo substrato especial bonsai como akadama, kiryuzuna ou kanuma que podemos misturar com pomice.
NOTA:
- Cuidado para não cortar em demasia as raízes dos pinus, podia provocar a respetiva morte dos ramos relacionados.
Uma regra sagrada quando fazemos um transplante de um pinheiro, é nunca entrar no bloco de raízes, cortando simplesmente as novas raízes que circundam o torrão. Ferir uma raiz no bloco é a garantia para a morte de um ou mais ramos ou até do próprio bonsai.
Quais as pragas mais comuns no bonsai de exterior?
As pragas mais comuns em bonsai são o pulgão e a cochonilha. Fácil de detetar com uma simples observação, podemos ver colônias de pulgões à volta dos brotos alimentando-se da seiva. Por norma fica sempre um pó preto sobre as folhas por onde andam os pulgões, é um fungo qua chamamos de fumagina. As folhas também podem ficar pegajosas em consequência dos sucos que os pulgões produzem.
O pulgão pode atacar todas as partes da planta, folhas, caules e raízes. Particularmente reconhecível pelos furos de alimentação nos vasos que conduzem a seiva elaborada, causando uma diminuição de crescimento do bonsai, assim como malformações que podem ir até ao declínio total da árvore.
O pulgão elimina-se com inseticida sistémico e de contato. Como qualquer tratamento devemos primeiro umidificar a folhagem e só depois aplicar o produto e repetir passados quatorze dias.
DICA:
Na maioria dos bonsais de folha caduca, o pulgão ataca sempre os rebentos mais tenros, basta podá-los para evitar a proliferação do pulgão, processo necessário para controlar igualmente a forma do nosso bonsai.
A cochonilha sobre bonsai, é um inseto envolto em algodão branco que se esconde nas partes mais difíceis. Os ovos ficam debaixo do corpo da fêmea. As larvas podem ser transportadas pelo vento ou por formigas.
Nos adultos, os machos e as fêmeas tem uma aparência diferente. As fêmeas não têm asas e permanecem presas à planta, o seu corpo é coberto com secreções dando-lhe uma cor variável.
O inseto ataca todas as partes do bonsai, tais como folhas, fruto, ramos, tronco e raízes.
Assim que detetar a presença destes insetos convém isolar de imediato o bonsai.
Limpar com uma escova de pelos macios todas as partes infestadas e aplicar um inseticida anticochonilha.
Repetir a aplicação sete a dez dias depois até à eliminação total dos insetos.
Respeitar sempre a distância de pulverização indicada no produto para evitar queimaduras nas folhas do bonsai e utilize sempre embalagem sem gás.
Ajudar o planeta compete a cada um de nós.
Ler o nosso artigo original sobre as pragas do bonsai.
Como cuidar do bonsai de exterior e quais os cuidados a ter com as doenças?
Manter sempre a alimentação do bonsai o mais equilibrado possível.
Os adubos especiais para bonsais contêm os nutrientes e micronutrientes suficientes para um bom equilíbrio. Por esta razão, temos que ter muito cuidado antes de aplicar qualquer suplemento, porque corremos o risco de desequilibrar a fórmula do adubo.
Assim podemos evitar doenças.
No inverno, ter o cuidado com as geadas e proteger o torrão do bonsai e a base dos ramos com palha ou turfa e abrigar o bonsai num local menos frio nas regiões mais a norte.
Evitar ao máximo a aplicação de produtos fitofarmacêuticos para não poluir o meio ambiente.
A iberbonsai respeita a natureza.