Aves migratórias, as estações do ano e o bonsai.
Existem muitas aves migratórias, mas o grou cinzento é o que se demarca mais por ter uma certa relação com o espírito bonsai.
Esta ave, admiravelmente respeitada e idolatrada pelos chineses e japoneses, pertence a uma das mais antigas ordens de aves, os grui formes.
Aves migratórias e o bonsai.
Esta ave pernalta evoluiu pouco ao longo do tempo, ou seja, durante milhões de anos, É uma das maiores aves da Europa, atingido uma altura de um metro e meio, pesando quatro a seis quilos e com uma envergadura de asas de dois a dois metros e meio.
Os grous cinzentos vivem aos pares para toda a vida.
Esta ave é muito poderosa e tem um corpo muito esguio com uma cauda distinta com uma variegação de cores soberba.
Plumagem cinzenta ardósia com manchas castanhas na parte de trás. Notável pelo seu pescoço com uma gravata preta contrastando com uma faixa branca que vai desde os olhos até à nuca.
Tem uma mancha vermelha no topo da cabeça e um bico curto, semelhante a uma adaga.
Esta ave gosta de lugares e sítios húmidos do Norte da Europa como é o caso da Suécia, da Noruega, da Finlândia e até da Rússia, passando pela Hungria, a Roménia, a Ucrânia e a Geórgia.
Esta espécie nidifica em pântanos pouco profundos de água doce e florestas pantanosas.
No Outono, o grou migra para sul da Europa e Norte de África. Todos os anos, esta ave extraordinária faz uma migração de milhares de quilómetros.
No início, grupos familiares reúnem-se perto dos locais de nidificação e depois juntam-se para a longa viagem. É o caso por exemplo da ilha de Oland na Suécia, da baia de Mataslu na Estónia, do Vale do Oder na Polónia e do lago Mürlitz na Alemanha.
Milhares de grous começam então a sua viagem para sul, levantando-se muito cedo pela manhã ou mesmo antes do amanhecer formando grandes V no céu, mantendo o grupo unido com grito próprio e parando em lugares tradicionalmente conhecidos.
Voando em forma de V ou em seta, com um posicionamento de 45º, cada ave do grupo, excepto a primeira, tira partido da sucção gerada pelo voo da ave à sua frente. O voo provoca vórtices de ar na ponta das asas gerando correntes ascendentes ou descendentes e curiosamente os grous estão sincronizados e as suas batidas das asas estão perfeitamente coordenadas para que todos beneficiem do vórtice ascendente das aves à sua frente.
O objectivo do voo em V é tirar partido da aerodinâmica e reduzir a resistência ao vento, tornando a viagem menos cansativa. Esta ave é notavelmente inteligente, tanto individualmente como em grupo, o que lhe permite voar distâncias muito longas enquanto poupa energia.
Os grous podem voar distâncias muito longas, até dois mil e quinhentos quilómetros a uma velocidade média de mais de quarenta quilómetros por hora sobre terra e quase sessenta quilómetros por hora sobre os oceanos.
O mais impressionante é a altituda que podem atingir, até cinq mil metros na Europa e seis mil e quinhentos metros nos Himalaias, o que é extraordinário para uma ave.
No entanto, a altitude média de voo situa-se entre duzentos e mil e quinhentos metros.
Para poder navegar, as aves herdam um programa genético dos seus pais, que lhe diz, por exemplo, quantos dias ou noites devem voar numa determinada direcção e depois quantos dias ou noites noutra direcção.
Durante o dia, as aves migratórias podem encontrar o seu caminho no solo, tais como montanhas, rios e costas. À noite, as estrelas são os melhores pontos de referência.
Sem esquecer que o magnetismo da terra continua a ser a base de dados para a viagem das aves migratórias.
Ao voar, o grou cinzento mantém sempre a cabeça para a frente e a diferença na sua identificação no céu são as suas patas que, como são longas, sobressaem atrás da cauda, ao contrário do ganso selvagem que, tendo patas muito curtas, não podem ser vistas na parte de trás da ave.
O grou é uma ave gregária, gosta da companhia dos seus companheiros, quando vemos um indivíduo isolado do seu grupo, é porque está doente, ferido ou demasiado velho para acompanhar o resto do bando.
A comida do grou consiste em grãos caídos, milho, rebentos jovens, raízes de cana e pequenos invertebrados como gafanhotos, lagartas, caracóis, lesmas e aranhas.
A tragédia do grou selvagem hoje em dia é a extensão das zonas húmidas selvagens ao uso agrícola em detrimento da vida selvagem. Para além deste problema, o grou tem poucos predadores naturais.
Na China, em locais de descanso e durante a migração, algumas pessoas distribuem sementes no solo para as alimentar. Talvez um dia vejamos isto acontecer na Europa!
Por enquanto, a esperança média de vida de um grou é de cerca de quinze anos.
Curiosidade: como é que dorme o grou selvagem?
Fica sobre uma perna, dobra a outra sob o seu corpo e apoia a cabeça no ombro.
Como é que o grou cinzento, como todas as outras avez migratórias, decide quando deve migrar?
Depende da estação do ano.
De facto, a natureza é constituída por quatro estações e, como no bonsai, a Primavera é o tempo da renovação, os dias aumentam, as folhas das árvores começam a crescer, as primeiras flores aparecem. No caso das avez migratórias, este é o sinal de que têm estado a espera para partir para os seus locais de reproducção, que são geralmente mais ricos em alimentos.
Depois, no Outono, é o inverso, os dias estão a ficar mais curtos, as folhas das árvores começam a cair, este é o momento certo para as aves migratórias partirem para os países mais quentes para passarem o Inverno.
Ler o artigo sobre as tarefas e o calendário do bonsai consoante as estações do ano.
aves migratórias e figuras decorativas no bonsai
No mundo do bonsai temos figuras decorativas que fazem alusão à viagem, por exemplo.
São peças em grés, pintadas ou não, que são colocadas sobre o torrão da árvore do bonsai para dar a impressão de grandeza e nos lembrarmos da natureza em escala reduzida.
Ver as nossas figuras decoratives.