
juniperus chinensis nº 21338 - iberbonsai
A estilização do bonsai
O bonsai não é uma planta anã nem uma planta com curvas por natureza, temos de intervir de diferentes formas para “construir” um bonsai ou transformar uma planta em bonsai.
Chama-se a estilização do bonsai.
Podemos formar um bonsai a partir de qualquer planta desde que seja lenhosa, existem vários estilos para formar o bonsai como podemos verificar no nosso Glossário.
A estilização ou formação consegue-se principalmente com a poda, com as ferramentas apropriadas, a aramação com arame de cobre ou de alumínio anodizado e criação de madeira morta como o jin por exemplo.
A formação de um bonsai nunca termina, todos os anos devemos proceder a determinadas tarefas a fim de obter o modelo e estilo pretendido.
Poda do bonsai:
Existem dois tipos de poda de bonsais:
A poda de manutenção, mais leve que a poda de estruturação que equivale a cortar os ramos novos, regra geral quando o bonsai tiver seis folhas novas, deixar apenas as duas primeiras. A principal característica da poda de manutenção é de manter o aspecto visual do bonsai, conforme foi definido pela poda de estruturação.
A poda de estruturação ou de estilização consiste em definir as bases gerais do tronco e dos ramos principais, elementos decisivos para transmitir a percepção que o autor queira dar ao seu bonsai: força, elegância, ligeireza, movimento… poda que também pode ser realizada ao mesmo tempo que o transplante e assim aproveitar para conseguir o equilíbrio entre a parte aérea e a parte radicular.
A maioria das espécies de árvores transformadas em bonsai têm dominância apical, significa que o crescimento é favorecido nos brotos terminais, seja no ápice ou nas extremidades dos ramos, em detrimento dos outros ramos secundários mais baixos.
O objetivo principal da poda de estruturação, é a estética do bonsai, provocando uma nova rebentação mais compacta e sobretudo mais perto dos ramos primários de forma a equilibrar a entrada da luz e dar mais vitalidade aos ramos mais baixos e de segundo nível.
Estamos assim a melhor distribuir a energia no conjunto dos ramos a partir do início da árvore e não no fim, como acontece na natureza por razões de sobrevivência.
Na natureza é a árvore mais alta e mais forte que sobrevive ao contrário da mais pequena e mais débil que acaba por morrer. Ler mais sobre as florestas.
Nos bonsais temos a possibilidade de remediar esse problema, reequilibrando as forças e a energia através da poda de estilização.
A poda regular dos ramos têm como finalidade o aumento do número de brotos e visto as raízes estarem limitadas num espaço reduzido no vaso, o bonsai deve repartir a energia em direcção a uma maior quantidade de folhas, que ficam assim cada vez mais pequenas.
É a lei da proporção, quanto mais folhas houver para alimentar, mais pequenas se tornam, é um fenômeno natural, mas que podemos ajudar a provocar.
Aplicar uma pasta cicatrizante nos cortes maiores, ajuda na cicatrização e impede a entrada de fungos.

Aramação do bonsai:
A aramação do bonsai consiste em enrolar um arame de alumínio anodizado ou de cobre (cozido) em volta do tronco ou de um ramo para modificar a sua direcção, tendo em vista a definição da forma pretendida.
Madeira morta no bonsai:
A criação de madeira morta no bonsai tem por objectivo melhorar a estética, tem de ser realizada de maneira ponderada e respeitando o aspecto natural, pois na natureza a madeira morta numa árvore é o relato da vivência e respectivas fatalidades ao longo do tempo devido à seca extrema, vento, gelo, neve, raios.
É nisso que devemos pensar na realização de madeira morta no nosso bonsai, o resultado final é a representação em miniatura das condições climáticas difíceis que uma árvore pode sofrer nas montanhas ou em penhascos íngremes.
Não esquecer que tanto a formação do bonsai como a realização da madeira morta nunca irá ter um resultado imediato, só o tempo trará resultados satisfatórias e mais naturais. O vento, o sol, a água são os principais factores que irão dar o toque natural ao bonsai com o tempo.
Nem todas as espécies de árvores são propícias para a realização de madeira morta, têm que ser árvores de madeira dura e regra geral árvores perenes. O mais utilizado e também mais espectacular é o Juniperus Chinensis, é o bonsai de referência para a madeira morta.
É importante referir que os bonsais para a realização de madeira morta, têm que ser árvores muito saudáveis, pois a prática do jin/shari enfraquece a planta e pode causar stress irreversível. A época favorável para a realização de madeira morta é no outono/inverno quando a vegetação está quase parada, assim não enfraquece o bonsai.
Jin é uma parte descascada do galho, é a técnica que consiste em tirar a casca num ramo ou parte de ramo que não seja vital para a árvore, cujo objectivo è aparentar padecer de condições climáticas extremas.
Shari é uma parte sem casca do tronco, é a mesma técnica mas aplicada ao tronco da árvore, por vezes de forma tão intensa que podemos ver uma parte muito reduzida da casca original alimentar a árvore.
Em resumo e graças às técnicas de estilização:
O bonsai não é apenas uma planta “desenhada” pela poda ou aramação, mas é sobretudo uma verdadeira e autêntica obra de arte.