
Bonsai Juniperus sabina tamariscifolia.
O juniperus é um ícone entre os bonsais, juntamente com o pinus dentro da família das coníferas e são dois tipos de bonsai mais importante que devemos ter incondicionalmente numa coleção, começar com um juniperus é uma otima ideia e mais tarde continuar com o pinheiro negro ou branco japonês, ou seja, o pinus thunbergii e o pinus pentaphylla.
Existem mais de seiscentas variedades entre clones e cultivares que são referenciadas na espécie juniperus.
Na iberbonsai, reproduzimos e criamos muitos bonsais de juniperus, como por exemplo: juniperus conferta shlagger, juniperus comunis repanda, juniperus chinensis, juniperus procumbens, juniperus chinensis itoïgawa entre outros.
São modelados nos estilos han kengai ou semi cascata, cujo o tronco principal e os seus ramos devem mergulhar e não ultrapassar os limites da base do vaso. Kengai ou cascata, o tronco deve pronunciar-se para fora do vaso e mergulhar. Hokidashi ou em forma de vassoura, os galhos seguem em todas as direções formando e abrindo-se como um leque. Literati ou forma livre, a árvore deve ter um desenho pouco comum e diferente dos modelos encontrados na natureza. Moyogi ou ereto informal onde o tronco apresenta várias curvas que começam na base e diminuem até ao seu ápice. Sharimiki ou estilo de bonsai com madeira exposta, com o tronco principal retorcido e rachado, esbranquiçado e polido pela areia carregada pelo vento.
A sabina é da família das Cupressaceae e é uma variedade muito comum de juniperus que tem um tronco e ramos muito finos que o levam a crescer horizontalmente e a rastejar, daí o nome de juniperus ou sabina rasteiro. Com folhagem perene predominantemente escamosa e uma multitude de cores que variam de verde escuro ao azul aço.
A sabina encontra-se em abundância nas montanhas da nossa vizinha Espanha e é recolhida em grandes quantidades pelos fãs de yamadori.
O bonsai sabina ou juniperus tamariscifolia tem uma folhagem muito fina.
É uma espécie muito antiga que perdura no tempo graças ao seu sistema radicular profundo e sobretudo à sua abundante produção de raízes superficiais, o que lhe permite aproveitar as chuvas escassas. Possibilita-lhe assim resistir em ambientes muito difíceis, a fim de evitar competir com outras árvores mais agressivas.
Naturalmente de porte rastejante e com os seus ramos espalhados de forma regular na horizontal e que se sobrepõem à medida que envelhece. É um juniperus muito rústico, resistente às condições difíceis. Folhagem compacta verde azulado com pequenas folhas sobrepostas, odoríferas ao toque.
De facto, o juniperus sabina tamariscifolia desfere um odor muito intenso quando é friccionado.
De porte pequeno e rasteiro como já falamos, o seu crescimento depende muito do meio ambiente e pode ser muito lento em condições desfavoráveis. Tem uma ampliação média do tronco de três milímetros por ano, que pode aumentar consideravelmente se as condições ambientais forem mais favoráveis.
No juniperus sabina tamariscifolia existem árvores masculinas, que formam os seus cones masculinos no início da primavera e árvores femininas, facilmente reconhecíveis por estarem cheias de gálbulas, que é o nome do fruto da sabina. É o vento o principal veículo de transporte que carrega o pólen de um especimen para o outro. Em regra geral, as florestas de juniperus sabina têm sempre mais sujeitos machos do que fêmeas, porque em situações de seca extrema, as fêmeas têm uma mortalidade maior por estarem carregadas de gálbulas e assim sendo, ser mais difícil reduzir a transpiração. Sem água suficiente para alimentar a folhagem, vão secando e acabam por morrer.
O juniperus sabina é uma árvore um pouco sensível às podas devido à sua lenta cicatrização. De facto, é recomendado realizar podas de manutenção muito leves e pinçagens regulares no final do verão até início do outono, a fim de evitar podas fortes e drásticas à posteriori.
A poda de manutenção baseia-se em modelar a planta para a sua forma natural, mantendo o ramo mestre, desbastando ramos e limpando os galhos secos. Além de realizar gradualmente uma poda leve, a poda anual de limpeza e manutenção deve ser contínua, mesmo que muito suave, durante toda a vida do bonsai.
Contudo pode ser necessário realizar uma poda de estruturação que é a poda que permite manter a árvore compacta e definida.
A poda de estruturação consiste em definir as bases gerais do tronco e dos ramos principais, elementos decisivos para transmitir a perceção que o autor quer dar ao seu bonsai, ou seja, a força, a elegância, a ligeireza e o movimento. Poda essa que também pode ser realizada ao mesmo tempo que o transplante e assim aproveitar para conseguir o equilíbrio entre a parte aérea e a parte radicular.
A maioria das espécies de árvores transformadas em bonsai tem dominância apical, significa que o crescimento é favorecido nos brotos terminais, seja no ápice ou nas extremidades dos ramos, em detrimento dos outros ramos secundários mais baixos.
O objetivo principal da poda de estruturação é a estética do bonsai, provocando uma nova rebentação mais compacta e sobretudo mais perto dos ramos primários de forma a equilibrar a entrada da luz e dar mais vitalidade aos ramos mais baixos e de segundo nível.
Estamos assim a melhor distribuir a energia no conjunto dos ramos a partir do início da árvore e não no fim, como acontece na natureza por razões de sobrevivência.
Na natureza é a árvore mais alta e mais forte que sobrevive ao contrário da mais pequena e mais débil que acaba por morrer.
Ler mais sobre as florestas para entender melhor.
A poda regular dos ramos tem como finalidade o aumento do número de brotos e visto as raízes estarem limitadas num espaço reduzido no vaso, o bonsai deve repartir a energia em direção a uma maior quantidade de folhas, que ficam cada vez mais pequenas.
Ler o nosso artigo original sobre a poda de estruturação do bonsai.
Aplicar uma pasta cicatrizante especial coníferas nos cortes maiores, para ajudar na cicatrização e impedir a entrada de fungos.
NOTA:
- Seja na poda de formação ou de manutençação, devemos sempre cortar o ramo acima de um broto que irá crescer sempre para o lado exterior da árvore e não para o interior, que vai em direção ao tronco principal, para evitar o cruzamento dos ramos entre si e que o prejudicaria a estética do bonsai.
Outra técnica para formar um bonsai juniperus sabina tamariscifolia consiste em colocar arames nos ramos e galhos durante o inverno. O arame deve permanecer durante vários meses, pelo qual deveremos estar atentos para estes não marcarem a casca, e intervir se for o caso, retirando o arame e voltando a colocá-lo, mas em sentido inverso ao arame anterior permitindo assim que as cicatrizes antigas possam fechar e que o ramo fique em segurança na posição pretendida.
A colocação de arames no bonsai ajuda e facilita a sua formação.
O arame utilizado na formação do bonsai é um arame de alumínio anodizado ou de cobre cozido. O arame de alumínio tem uma vantagem, é a sua grande flexibilidade, o que o torna fácil de colocar. Além disso, pode ser reutilizado se for corretamente retirado da árvore.
O arame de alumínio anodizado não é tóxico e sobretudo não mancha a casca.
TRUQUE:
- Para endireitar um arame de alumínio anodizado que acabamos de retirar de uma árvore, basta pegar em dois alicates, um em cada mão, colocar o arame em cada uma delas e esticar várias vezes até o arame ficar mais ou menos direito.
O cobre cozido tem a vantagem de que, com o tempo endurece e torna-se rígido, pelo que os ramos aramados permanecem perfeitamente no sítio. Em comparação com o arame de alumínio, é possível obter o mesmo resultado com secções transversais de arame mais pequenas.
Em contrapartida a oxidação do cobre mancha a casca e pode ser altamente tóxica para certas espécies, principalmente coníferas, o que é o caso do juniperus sabina tamariscifolia.
Podemos formar um bonsai a partir de qualquer planta desde que seja lenhosa, existem vários estilos para formar o bonsai como podemos verificar no nosso glossário.
Ver os estilos de bonsai no nosso glossário.
A estilização ou formação consegue-se principalmente com a poda, com as ferramentas apropriadas, a colocação de arames e também a criação de madeira morta como o jin shari.
A formação de um bonsai sabina nunca tem fim, todos os anos devemos proceder a determinadas tarefas a fim de obter o modelo e estilo pretendido.
A colocação do arame tem uma importância fundamental na estética do bonsai. É um processo imprescindível na estilização que pretendemos dar ao bonsai, operação que permite guiar e direcionar os ramos para obtermos o estilo pretendido.
A aramação é útil para retificar a orientação dos galhos e ramos do bonsai. Um dos objetivos do arame é representar e substituir a ação do peso nos ramos das árvores na natureza..
A aplicação de arame no bonsai juniperus sabina tamariscifolia consiste em enrolar um arame de alumínio anodizado ou de cobre cozido em volta do tronco ou de um ramo, para modificar a sua direção, tendo em vista a definição da forma pretendida, respeitando sempre um ângulo de quarenta e cinco graus. Este trabalho exige muito cuidado no manuseamento e na forma de moldar o ramo, pois algumas espécies são muito frágeis e podem quebrar com facilidade como é o caso das azáleas. É necessário estarmos atentos, sobretudo na época de crescimento, para prevenir ferimentos desnecessários na casca causados pelo arame.
Basta retirar o arame e voltar a colocá-lo em sentido oposto para evitar este tipo de situação.
Em regra geral, deixa-se o arame de alumínio anodizado no máximo quatro meses nas folhosas e de oito a doze meses nas coníferas como é o caso do bonsai juniperus sabina tamariscifolia.
Para retirar o arame sem ferir a casca do bonsai é aconselhável utilizar uma ferramenta adequada. O corta-arame, permite cortar o arame em secções muito pequenas sem marcar o ramo do bonsai.
Ler o nosso artigo original sobre a aramação do bonsai.
Uma tarefa muito comum praticada no bonsai juniperus é a técnica da criação de madeira morta. O que é a madeira morta e o que é o jin e shari em bonsai?
Jin é uma parte descascada do galho.
Shari é uma parte sem casca do tronco.
São técnicas utilizadas para dar impressão de uma árvore velha, com a criação de madeira morta, numa árvore que vive nas montanhas em condições extremas, fustigadas pelos elementos da natureza. Tenta-se criar uma réplica mais próxima de um exemplar natural, maltratado pelo ecossistema ao longo do tempo.
Tentamos imitar, com essas técnicas, o que acontece na natureza. A madeira morta numa árvore é criada pela exposição prolongada à seca, gelo, vento forte, neve e todos os acontecimentos climatéricos que podem acontecer ao longo do ano, o que não acontece naturalmente nos nossos bonsais porque estamos constantemente a protegê-los.
Normalmente usamos a técnica do jin-shari em árvores perenes, nomeadamente coníferas como o juniperus. É raro encontrarmos uma árvore de folha caduca apresentando um jin ou um shari, mas é perfeitamente possível.
Na maioria das vezes aproveitamos um erro, um ramo partido ou um defeito numa árvore para decidir criar um jin, cortar e descascar uma parte ou mesmo o tronco para conseguir o nosso projeto estético.
A seguir a este trabalho, devemos aplicar um líquido à base de enxofre como o ácido sulfúrico, com um pincel ou um pano seco, o líquido jin, que é amplamente difundido em toda a Europa, está infelizmente proibido em Portugal.
O produto além de proporcionar a cor branca que faz sobressair a folhagem, tem a particularidade de ser um excelente fungicida e diminui o processo de decomposição natural da madeira. Teremos que fazer várias aplicações com cada vez mais percentagem de ácido na mistura até obter a cor pretendida e todos os anos renovar a aplicação do produto.
NOTA:
- Por razão de segurança, relembramos que o ácido deve ser colocado depois da água e não o contrário.
Ler artigo original sobre o jin-shari.
Transplante do bonsai juniperus sabina tamariscifolia a cada dois anos para plantas jovens e cinco anos ou mais nos bonsais adultos.
O torrão deve ter uma camada de raízes à sua volta, se não for o caso pode não ser o momento certo para o transplante e teremos que esperar mais algum tempo.
O transplante do bonsai tem como finalidade a renovação do substrato que ficou mais fraco, o corte de raízes muito compridas para provocar a ramificação de raízes mais finas junto ao tronco e também dar mais espaço ao torrão.
Quando transplantamos nunca mudamos para um vaso muito maior, por norma acrescentamos somente mais cinco centímetros à medida do vaso antigo.
Podemos aproveitar também para corrigir a posição do bonsai no vaso.
Como os outros juniperus e restante coníferas, utilizamos uma mistura com setenta por cento de akadama hard quality com trinta por cento de kiryuzuna nos primeiros anos e a cada transplante seguinte, reduzimos a percentagem de akadama e aumentamos a de kiryuzuna para acabar um dia só com a utilização de kiryuzuna. Alertamos aqui para as pessoas sem conhecimentos técnicos suficientes que o uso somente da kiryuzuna obriga a constante observação, sobretudo no verão, da rega e da taxa de humidade do torrão. A kiryuzuna é um substrato muito duro, tipo pedra e não retém muito a água da rega, por isso para quem não tem muita experiência profissional com este tipo de substrato, aconselhamos sempre acrescentar akadama hard quality na mistura para reter mais humidade no substrato.
NOTA:
- A utilização de kiryuzuna ajuda no momento do transplante, de facto é mais fácil desembaraçar as raízes do juniperus sabina quando o substrato é a base de kiryuzuna, este tipo de substrato não deixa que as raízes se agarrem demasiado ao substarto como a akdama por exemplo, não corremos o risco de partir as raízes, mesmo as mais finas,
A pómice também pode ser acrescentada à mistura, sobretudo nos sujeitos mais velhos, ajudando na drenagem e evitando a compactação do solo, permitindo o arrejamento e a oxigenação das raízes.
Uma das principais causas de morte do juniperus e do pinus. é muitas vezes devido ao encharcamento das raízes que acabam por apodrecer, a escolha do substrato adequado é fundamental para conseguir um bonsai de coníferas. Um solo o mais drenante possível, sem ser demasiado seco será o mais indicado, sem esquecer de arrejar a parte superficial do torrão com um ancinho para facilitar a circulação do ar e da água. Por isso a nossa recomendação de usar a kiryuzuna.
Ler artigo orginal sobre o transplante do bonsai.
Manter o bonsai após o transplante abrigado do frio e do sol direto e vigiar a rega sem nunca encharcar o substrato.
Vigiar os furos do vaso para verificar que não estão obstruídos.
O bonsai sabina exige uma exposição ensolarada durante todo o ano, evitando as horas mais quentes no verão e proporcionando uma rede de sombra para não corrermos o risco de as folhas ficarem queimadas. No inverno devemos proteger o torrão em caso de geadas fortes, abaixo dos cinco graus negativos e sem nehuma proteção, as raízes do nosso bonsai podem congelar causando a morte da árvore. Se o frio intenso se prolongar por muito tempo, então é recomendado colocar o bonsai num local mais abrigado, mas com muita luz natural e sobretudo sem aquecimento.
O bonsai juniperus sabina tamariscifolia é muito apreciado pela sua folhagem fina.
NOTA:
- Nas regiões mais frias é fortemente recomendado a utilização de vasos de alta qualidade com as paredes mais grossas para proteger melhor as raízes. Se o vaso for de menor qualidade e com uma espessura reduzida, o gelo irá passar mais facilmente e poderá queimar as raízes.
É uma excelente escolha para juntar à coleção para além do juniperus chinensis itoïgawa e do juniperus rigida.